"Não posso ficar nem mais um minuto com você / Sinto muito,
amor, mas não pode ser. / Moro em Jaçanã... se eu perder esse trem, que sai
agora às onze horas / Só amanhã de manhã (...)". Os versos de Adoniran
Barbosa deixaram o bairro da zona norte famoso no Brasil inteiro, mas mostrou
uma pseudorrealidade (pseudo, pois o poeta tomou de a liberdade de contar uma
realidade que não existia) e a fama, no passado, não rendeu frutos para o
mercado.
No passado, pois nas últimas décadas, o Jaçanã cresceu e se
valorizou. De acordo com o Censo de 2010, o bairro tem quase 92 mil habitantes
e um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,816, o 65º entre todos os
bairros da Capital.
De acordo com o Portal ZN Imóvel, o metro quadrado de um terreno
no bairro pode chegar a R$ 2,3 mil, mas tem média de preço girando em quase R$
1,5 mil. Já para um apartamento com duas vagas de garagem (a pesquisa do portal
computa a vaga, pois considera a área total do imóvel), a média é de R$ 3,9
mil, com variações entre R$ 3 mil e R$ 5,5 mil o metro quadrado.
Apesar de não possuir uma estação de metrô e a estação de trem -
famosa pela música - ter sido desativada em 1965 (aliás, essa estação foi a
grande responsável pelo crescimento residencial do bairro), o Jaçanã é bem
servido de transporte público. O comércio local é forte, embora a proximidade
com o Tucuruvi faça com que a população local tenha fácil acesso ao shopping do
bairro.
A falta de uma linha de metrô ou de um comércio mais forte possa,
em primeira análise, fazer com que o bairro não seja interessante para o
mercado é justamente nisso que reside o seu principal fator. O sossego que
ainda impera no bairro é o seu maior chamariz. Isso e um preço de terreno ainda
convidativo são os chamarizes do setor e a principal busca de quem quer comprar
no Jaçanã. Quem vai querer perder esse trem?